terça-feira, 5 de agosto de 2014

Gás paralisante


GÁS PARALISANTE

Clóvis Campêlo

Para Waldemar Lopes

Sim, a lua é de neon
mas o poeta não a nota,
gás paralisante brota
das teclas do acordeon.

Simbolicamente canta
um subjetivo mundo,
estranho e muito profundo
onde a realidade espanta.

A vida correndo inglória,
qual louca e fútil história,
delira e não vê passar.

Nem mesmo nota na rua
o real brilho da lua,
testemunha tão vulgar.
Recife, 1991

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