quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

Atravessando a Abbey Road


ATRAVESSANDO A ABBEY ROAD

Clóvis Campêlo

No dia 8 de agosto de 1969, os quatro beatles se encontraram na Abbey Road para fazerem as fotografias mais famosas do mundo em todos os tempos. Uma delas, terminaria por ser escolhida para a capa do disco que levou o nome da hoje famosa rua londrina.
O autor das fotografias foi o escocês Iain Macmillan, amigo de John Lennon e Yoko Ono, que precisou apenas de dez minutos para clicá-las. A fotografia que findou ilustrando a capa do disco, a quinta da sequência, foi escolhida por Paul McCartney. Iain, o fotógrafo, morreria em 8 de maio de 2006, aos 67 anos de idade, vitimado por um câncer de pulmão.
Antes de chegar aos Beatles, porém, Iain conheceu Yoko em 1966, sendo por ela convidado para fotografar sua exposição no Indica Gallery. Através de Yoko Ono, chegou a John Lennon, que o convidou para fazer as fotografias do álbum. Apesar de ser amigo do fotógrafo e tê-lo indicado para fazer as fotografias, consta que Lennon reclamava insistentemente da demora (apenas dez minutos) e queria ir para o estúdio concluir a gravação, terminando logo “essas fotografias idiotas”. Explica-se: a ideia das fotografias tinha partido de Paul McCartney e entre eles, naquela época, havia uma “briga surda” pela liderança do grupo.
Consta, inclusive, que o disco, gravado na época do LP, havia sido dividido de uma maneira que cada lado contemplasse um dos músicos. Assim, o lado A, que ia de "Come Together" a "I Want You", foi feito para agradar a Lennon. É uma coleção de faixas individuais, enquanto que o lado B (para agradar a McCartney) contém uma longa coletânea de curtas composições que seguem sem interrupção. A sequência de juntar músicas inacabadas criadas por McCartney e Lennon em um enorme pout-pourri foi ideia de Paul, constituindo-se numa espécie de ópera dentro do disco. Lennon, porém, não gostava muito disso. Queria voltar ao velho e bom rock'n'roll dos tempo de Hamburgo.
Segundo os entendidos da música pop, porém, apesar foi no álbum Abbey Road, o último gravado pelo grupo, que George Harrison se firmou como um compositor de primeira linha. Após anos vivendo sob a sombra de John Lennon e McCartney, ele finalmente emplacou dois grandes sucessos com este álbum: "Here Comes the Sun" e "Something". Ambas as canções foram regravadas incessantemente ao longo dos anos, sendo que Something chegou a ser apontada pela revista Time como "a melhor música do disco" e como a segunda música mais interpretada no mundo, atrás somente de "Yesterday", também dos Beatles.
Voltando a fotografia da capa, porém, a fotografia escolhida conteria supostas "pistas"indicando que Paul estava morto: Paul está descalço (segundo ele, aquele dia fazia muito calor, e ele não estava aguentando ficar com nada nos pés), fora de passo com os outros, está de olhos fechados, tem o cigarro na mão direita, apesar de ser canhoto, e a placa do fusca, em inglês, "beetle", estacionado é "LMW" referindo se as iniciais de "Linda McCartney Widow" ou "Linda McCartney Viúva" e abaixo o "281F", supostamente referindo-se ao fato de que McCartney teria 28 anos se (if em inglês) estivesse vivo. Um contra-argumento é que Paul tinha somente 27 anos no momento da publicação de Abbey Road, embora alguns interpretem isso como ele teria um dia 28 anos se ele estivesse vivo.) Os quatro Beatles na capa, segundo o mito do "Paul está morto", representariam o Padre (John, cabelos compridos e barba, vestido de branco), o responsável pelo funeral (Ringo, em um terno preto), o Cadáver (Paul, em um terno, mas descalço - como um corpo em um caixão), e o coveiro (George, em jeans e uma camisa de trabalho denim). Além disso há um outro carro estacionado, de cor preta, de um modelo usado para funerais e eles andam em direção a um cemitério próximo a Abbey Road. Notem também que atrás do Paul tem um carro como se estivesse passado pelo mesmo lugar que ele está. Outra suposta pista seria que na contra-capa do álbum, ao lado esquerdo da palavra Beatles, haveria 8 pontos formando o número 3 (sendo então "3 Beatles"). O homem de pé na calçada, à direita, é Paul Cole, um turista dos EUA que só se deu conta que estava sendo fotografado quando viu a capa do álbum meses depois.
Nunca, amigos, beatlemaníacos ou não, uma fotografia foi tão badalada ou inserida de interpretações como essa. Acredito que nem mesmo o velho Iain, teria tido a intenção de provocar tanta celeuma ao clicar na sua máquina fotográfica. Mas, com ela, o grupo inglês encerrava a sua revolucionária carreira na música pop.
Acho inacreditável que, 46 anos depois, isso tudo ainda cause interesse e rebuliço. Ou serei eu que não consigo enxergar nada mais além dos Beatles?

Recife, dezembro 2015

segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

Vida de cachorro


VIDA DE CACHORRO

Clóvis Campêlo

O meu amigo Renato Rodrigues reclama, com razão, que as ruas do bairro da Boa Viagem estão infestada de fezes de cachorro. Nem todos os cachorreiros tem a consciência de que devem limpar o cocô dos seus animais. E, como se não já bastassem os esgotos estourados, Boa Viagem é só excrementos.
Embora não crie nenhum desses bichos, todos os dias costumo passear com Romeu, o cachorro maltês de Pedro, o meu neto. Já criamos uma rotina que é por ele cumprida com muita alegria. Afinal, ninguém gosta de viver trancado o dia inteiro dentro de um apartamento.
Nesses passeios, Romeu satisfaz as suas necessidades diárias e se desestressa no contato com outros cães. É impressionante como cada vez mais as pessoas dividem a existência com esses animais, pequenos ou grandes e nem sempre dóceis. Existe hoje um verdadeiro comércio que gira em torno dessas criações. Produtos criados especificamente para o consumo dos cães, e que vão de rações, passam por biscoitos, roupas e até cervejas e refrigerantes. Também já estão no mercado planos de saúde e funerários para cães e outros animais, hospitais veterinários e lojas pet shop cada vez maiores e mais completas. Incrível e impressionante como o sistema sempre encontra novos guinchos para se expandir e lucrar.
Voltando a Romeu, porém, nem sempre esses passeios são amistosos e pacíficos. Algumas vezes, por razões que a própria razão desconhece, os animais se estranham e se agridem. Foi o que aconteceu no encontro entre Romeu e Jean Pierre, um cão da raça basset, no calçadão de Boa Viagem, que se engalfinharam numa briga feroz. Depois da rusga, a jovem senhora proprietária do cãozinho cuja raça é oriunda da França, o repreendeu com severidade. Não me pareceu, no entanto, que Jean Pierre tivesse compreendido a bronca, muito mais interessado que estava em continuar a briga com Romeu. Coisa de cachorros, imagino.
Já noutro dia, encontro com Paulo e seu cãozinho, John Lennon, esse sim, muito mais amistoso. Deram-se bem, ele e Romeu. E descubro que Paulo, assim como eu, também é beatlemaníaco. Estava com uma camiseta que fazia referência aos shows de Paul McCartney no Recife, em 2012. Como ambos fomos aos shows, conversamos sobre isso: a excelente qualidade dos músicos que acompanhavam o velho Maca naquela ocasião; o boa forma do velhinho roqueiro, após três horas de show sob o intenso calor recifense, com o qual, com certeza, ela não estaria acostumado; a sua presença de palco e a sua empatia com o público, numa demonstração evidente de que aquela é realmente é a sua praia. Descubro que Paulo mora na mesma rua em que eu moro, e percebo que aquela pode ser uma nova amizade que está se iniciando, alimentada pela paixão pelos Beatles e pelo amor aos nossos cachorros. Coisa de urbanóides, com certeza.
Em janeiro, eu e o cachorro vamos nos separar. Meu neto vai morar em João Pessoa e Romeu o acompanhará. Talvez eu venha a arrumar outro companheiro para os passeios diários. Gostaria que fosse um cão preto, talvez até um vira-latas. Vou chamá-lo de Tubarão.

Recife, dezembro 2015

terça-feira, 8 de dezembro de 2015

O arranha-céu da Pracinha do Diário




O ARRANHA-CÉU DA PRACINHA DO DIÁRIO

Clóvis Campêlo

Sobre a edificação, no seu blog, o falecido escritor Geraldo Pereira disse o seguinte: "Eu vi os primeiros prédios que foram levantados na cidade, impressionando os moradores todos. O Arranha-Céu da Pracinha chamou a atenção por anos a fio, até que se construiu na Aurora o Edifício Capibaribe, uma novidade para a classe média da época, bonita paisagem e acomodações confortáveis. Morava por lá o Dr. Edgar Altino, médico no Recife e figura respeitadíssima. A avenida Agamenon Magalhães foi feita sobre um mangue, rico em caranguejos, os quais ao primeiro trovão saiam das tocas. O meu avô – Bartolomeu Marques – morava na Rua Montevideu n° 77, em casa alugada, com dois quintais separados por um muro e um portão. Lá atrás havia outra entrada e eu fui várias vezes ao mangue caçar caranguejos".
Já Augusto Saboia, também no seu blog, escreveu: "O Arranha-céu da Pracinha é um exemplo de preservação em meio ao caos da linda Praça da Independência, centro nervoso do Recife, completamente degradada, suja, um descaso completo, uma pena, pois a mesma esta localizada na confluência de importantes avenidas de nossa cidade como a Guararapes e Dantas Barreto".
Aliás, na grande rede, sobre o edifício existem mais indagações do que informações. Já se falou que o prédio, que na década 60 foi "engolido" pelo Edf. Lar Brasileiro, construído ao seu lado, teria sido o primeiro com elevador feito no Recife. Não sei se a informação procede, já que outros edifícios contemporâneos a ele, como o prédio do Hotel Central, no bairro da Boa Vista, também possuem elevadores.
Enfim, transfiro as indagações minhas e alheias para quem possa ter condições de esclarece-las.

Recife, dezembro 2015

sexta-feira, 20 de novembro de 2015

Sobre cores e goleiros


Lev Yashin, o Aranha Negra

SOBRE CORES E GOLEIROS

Clóvis Campêlo

No futebol, os goleiros sempre foram participantes diferenciados. Tanto é assim que dentro da pequena área, onde ele pisa, a grama não cresce. Além do mais, em um esporte que é praticado com os pés, dentro da grande área, ele é o único atleta que pode movimentar a bola com as mãos. O goleiro, em geral, submete-se a um treinamento mais intensivo do que o dos outros jogadores - e com um treinador específico -, pois precisa ter muito mais atenção, rapidez e elasticidade que os demais, embora muitas vezes careça de outros dotes. Em suma, é um atleta normalmente com características muito distintas dos demais jogadores. E, diferentemente dos outros futebolistas, nunca pode falhar. A sua falha pode significar a derrota da equipe e o seu ostracismo. Grandes goleiros já passaram por isso.
Desde os tempos de antigamente que essa diferenciação também se reflete na sua indumentária. O traje do goleiro diferencia-se do traje dos outros jogadores da sua equipe. Naquele tempo distante, os goleiros vestiam-se de preto ou de cinza. O russo Lev Yashin, um dos maiores goleiros da história do futebol mundial, só jogava de preto, o que lhe rendeu a alcunha de Aranha Negra. Começou como goleiro de hóquei no gelo, passando depois a atuar no futebol de campo. Consta que durante a sua carreira, teria defendido cerca de 150 penaltes. Gostava de jogar se antecipando e projetando-se para fora da área, como um líbero. Pela seleção soviética de futebol, participou das Copas do Mundo de 1958, 1962, 1966 e 1970, embora nessa última, já aos 40 anos, tenha ido apenas como reserva. Fã do futebol brasileiro e do goleiro Gilmar, do Santos e da Seleção brasileira bicampeã do mundo, em 1965 obteve licença de seu governo para visitar o Brasil, escolhendo a cidade do Rio de Janeiro. Passava as manhãs na praia e às tardes treinava os goleiros do Flamengo, onde também mantinha a forma. Faleceu em 1990, aos 60 anos de idade. Sempre de preto, tornou-se uma lenda do futebol.
No futebol brasileiro dos anos 60, quem quebrou o estigma de jogar sempre de preto ou de cinza, foi o goleiro Raul Plasmann, do Cruzeiro. Na fortíssima equipe mineira de então, ao lado de Tostão, Piazza e Dirceu Lopes, gostava de usar uma camisa amarela. Essa diferenciação lhe rendeu na época o apelido de Wanderléa, numa referência pejorativa à musa da Jovem Guarda. Raul jogou ainda no São Paulo e no Flamengo de Zico, onde encerrou a sua carreira. Pela seleção brasileira de futebol, atuou apenas 17 vezes.
Dois outros grandes goleiros, que romperam com o estigma de serem apenas defensores passivos, foram o colombiano René Higuita e o brasileiro Rogério Ceni. Higuita, com seu longo cabelo cacheado, uniformes estranhos e um jeito peculiar para criar as maiores maluquices, o goleiro se tornou ícone da irreverência dentro de campo. Seu estilo "louco" de jogar, em que saia de sua área jogando e driblando adversários muitas vezes interferia no resultado do jogo (favorável ou desfavoravelmente). Higuita também ficou famoso por seus gols de faltas, de pênaltis, e pela folclórica defesa escorpião, em que se joga para frente defendendo a bola com os pés. Enfim, um goleiro maluco e colorido como nunca antes se havia visto no futebol mundial.
Revelado em 1990 pelo Sinop, do Mato Grosso, Rogério ceni foi contratado no mesmo ano pelo São Paulo, equipe da qual é titular desde 1997. Sua principal característica é a lealdade ao clube que serve, sendo atualmente o jogador que mais vestiu a camisa de um mesmo clube na história do futebol mundial, tendo superado Pelé, que vestiu a camisa do Santos em 1.116 jogos, além do norte-irlandês Noel Bailie, que mantém o recorde europeu com 1.013 jogos pelo modesto Linfield, e Ryan Giggs, que disputou 963 partidas pelo Manchester United.
Ceni possui inúmeros outros recordes expressivos, tal como o de maior goleiro-artilheiro da história do futebol mundial (com 129 gols até o momento), o jogador que mais vezes foi capitão de uma mesma equipe (961 jogos), e também o de jogador que mais venceu por um mesmo clube na história (com mais de 601 vitórias, batendo o recorde de Ryan Giggs, que era de 589 vitórias).
Destaca-se por ser o maior goleiro-artilheiro na história do futebol mundial até hoje. Sua precisão nas cobranças, tanto de faltas quanto de pênaltis, fizeram dele, em agosto de 2006, o goleiro com o maior número de gols marcados na história do esporte, superando o paraguaio Chilavert.
Chama a atenção também por ser o jogador com mais vitórias pelo mesmo time, superando o britânico Ryan Giggs, do Manchester United, que possui 589 vitórias. Ultrapassou essa marca no jogo contra o Goiás, em 27 de outubro de 2014, em jogo válido pelo campeonato brasileiro.
Outro recorde batido por Rogério foi o de jogador com o maior número de partidas como capitão em jogos oficiais: 866, contados entre 14 de agosto de 1994 e 24 de novembro de 2013. O número atual é de 953 partidas.

Recife, novembro 2015

sábado, 14 de novembro de 2015

Barcos na bacia do Pina


BARCOS NA BACIA DO PINA

Fotografia e pesquisa de texto de Clóvis Campêlo

Segundo o site Pesca Nordeste, em artigo assinado por Chrony Joseph, a capital pernambucana é conhecida mundo afora como a Veneza brasileira. O emaranhado de rios que entrecorta a metrópole nordestina lembra os canais da cidade italiana e faz da presença ribeirinha uma realidade sempre presente na vida de seus conterrâneos. Hoje, já fortemente marcada pela presença humana, não mostra mais a exuberância de outrora, porém, mesmo após anos de agressão, a vida natural teima em mostrar a sua resiliência.
Um exemplo palpável dessa realidade é a Bacia do Pina,composta pelas confluências dos rios Capibaribe (braços sul), Tejipió, Jordão e Pina. Com características estuarinas, a região sofre os impactos ambientais causados pelo homem, principalmente despejos de esgotos domésticos e industriais. Tem grande importância para a população local, pois é a principal fonte de alimentação de comunidades carentes que subsistem em seu entorno através da pesca.
Segundo matéria publicada no Jornal do Commercio do Recife, em 14/3/1999, assinada por Alex Maurício Araújo, a Bacia do Pina está situada após a bacia portuária do Porto do Recife, em plena zona urbana da cidade e é separada do Oceano Atlântico por meio de um dique, o qual impede o contato direto de suas águas com as do oceano. Possui uma extensão de aproximadamente 3,6 quilômetros e larguras variáveis, sendo a mínima de 0,26 quilômetros, e a máxima de 0,86 quilômetros, perfazendo uma área total de espelho d'água de aproximadamente 2,02 quilômetros quadrados.
É um ambiente dinâmico do ponto de vista hidrográfico com características estuarinas sujeitas à ação das marés provenientes do Porto do Recife e às alterações ambientais devido aos despejos de efluentes domésticos e industriais nos seus rios formadores (Tejipió, Pina, Jordão) e contribuinte (Rio Capibaribe via braço morto e antiga ponte giratória). Durante o verão, época mais crítica em termos ambientais, a contribuição das vazões dos rios fica minimizada relativamente à das águas do mar.

Bairro do Pina
Recife, 2000


quarta-feira, 11 de novembro de 2015

Escultura de Chico Science



ESCULTURA DE CHICO SCIENCE

Fotografias e pesquisa de texto de Clóvis Campêlo

Segundo o site da Prefeitura da Cidade do Recife, a obra faz parte do projeto Circuito da Poesia e foi confeccionada pelo artista plástico Demétrio Alves, à base de fibra de vidro.

O Circuito da Poesia é constituído ainda pelas estátuas de João Cabral de Melo Neto, na Rua da Aurora; Manoel Bandeira, também na Aurora; Clarice Lispector, Praça Maciel Pinheiro; Mauro Mota, na Praça do Sebo; Chico Science, no memorial do artista (Rua da Moeda); Solano Trindade, no Pátio de São Pedro; Ascenso Ferreira, no Cais da Alfândega; e Luiz Gonzaga, na Estação Central do Metrô. O projeto foi iniciado em 2005 e concluído em 2007 e tem por objetivo homenagear expoentes da cultura pernambucana e aproximar a história deles do público recifense.
Segundo o Diario de Pernambuco, a imagem do compositor e criador do manguebeat não poderia estar em outro local. A Rua da Moeda, no Bairro do Recife é o ponto original dos eventos do movimento mangue e faz parte do Polo Anfândega, junto com as Ruas Madre de Deus, da Alfândega, Aluísio Periquito, Aluísio Magalhães e trechos da Vigário Tenório e Alfredo Lisboa. O movimento, que mistura ritmos regionais com rock, hip hop, samba-reggae, funk e rap nasceu no Recife da década de 90 e foi responsável por colocar Pernambuco nos holofotes da cultura em todo o mundo.

Bairro do Recife Antigo
Recife, julho 2015


sábado, 7 de novembro de 2015

Igreja Matriz da Boa Vista











IGREJA MATRIZ DA BOA VISTA
Fotografias e pesquisa de texto de Clóvis Campêlo

Segundo a historiadora Semira Adler Vainsencher, em texto publicao no site da Fundaj, "Situada no bairro da Boa Vista, a Igreja Matriz da Boa Vista é considerada como um dos templos mais bonitos do Recife. A sua construção teve início em 1784, porém os trabalhos só foram concluídos 105 anos depois (em 1889), graças aos novos recursos votados pela Assembléia Provincial de Pernambuco.
O altar-mor da igreja não apresenta imagens: apenas o Cordeiro de Deus e o Santíssimo Sacramento, gravados na própria pedra de cantaria (por um artista pernambucano), e que são expostos diariamente aos fiéis. No interior da matriz, existem vitrais e pinturas de valor. Entre duas figuras de mulheres sentadas, vê-se um cisne, com as asas abertas e um longo pescoço. Estão presentes anjos, vasos, mostradores de relógios e guirlandas.
A fachada, toda em pedra de cantaria e sem pintura, possui um estilo renascentista, equivalente ao santuário do Bom Jesus do Monte, em Braga, cidade situada ao norte de Portugal. Os blocos de pedras vieram de Portugal, sendo necessário de três a quatro juntas de bois para conseguir retirá-los dos navios lusos, que estavam ancorados no porto do Recife, e levá-los até às obras. Observa-se na fachada, ainda, oito grossas colunas, de capitéis dóricos (na parte inferior) e capitéis coríntios (na parte superior)".

Bairro da Boa Vista
Recife, julho 2015

sexta-feira, 30 de outubro de 2015

A Ponte da Boa Vista











A PONTE DA BOA VISTA

Fotografias e pesquisa de texto de Clóvis Campêlo

 
Segundo a historiadora Lúcia Gaspar, em texto publicado no site da Fundaj, a Ponte da Boa Vista é considerada a ponte mais típica e original do Recife, e liga atualmente a rua Nova, no bairro de Santo Antônio, à rua da Imperatriz, na Boa Vista.
Existem nas suas quatro pilastras de entrada, diversas inscrições que registram datas e fatos históricos relevantes de Pernambuco e do Brasil, como a invasão dos holandeses (1630); as Batalhas das Tabocas, de Casa Forte (1645) e dos Guararapes (1648-1649); a restauração de Pernambuco (1654); a Guerra dos Mascates (1710); a Revolução de 1817; a Confederação do Equador (1824); a abdicação de Pedro I e início do reinado de Pedro II (1831).
Durante as décadas de 1940 e 1950, a ponte era um local importante na vida social da cidade. Pelas suas passarelas laterais desfilavam as últimas versões de vestidos, chapéus e maquiagens. Surgiram também os fotógrafos do retrato instantâneo, que ofereciam seus serviços e faziam ótimos negócios. Na época, as máquinas fotográficas ainda eram uma novidade.
Parcialmente destruída pelas enchentes do rio Capibaribe em 1965 e 1966, a ponte da Boa Vista foi restaurada, em 1967, na gestão do então prefeito Augusto Lucena. A restauração, no entanto, a descaracterizou um pouco. O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) embargou a obra, porém suas passarelas já haviam sido alargadas, seus pilares unidos por um revestimento de concreto até o nível da água e toda a estrutura do lastro inferior já havia sido concretada.
Segundo o site Recife de Antigamente, "a ponte foi construída, inicialmente, em madeira, a partir de 1640 por ordem do príncipe Maurício de Nassau e se encontrava mais próxima da, atualmente, Casa da Cultura. Em meados do Século XVIII, o então governador da província de Pernambuco a destruiu e mandou construir outra, também em madeira, no local em que se encontra hoje. Em 1815, a ponte sofreu uma reforma, recebendo gradis, calçamento e varandas dos dois lados onde foram colocados bancos de madeira.
Em 1874, a ponte foi reconstruída com estruturas inteiramente metálicas, fabricada na Inglaterra em ferro batido e sua inauguração foi no dia 07 de setembro de 1876".
Uma obra tão antiga e marcante no centro histórico do Recife, com certeza, foi palco de muitos acontecimentos e fatos pitorescos como o que nos foi narrado pelo amigo e arquiteto Aristóteles Coelho: "Iam os idos dos anos 1970, era noite de uma segunda-feira bastante chuvosa e eu estava próximo á Praça Maciel Pinheiro, quando ...KATCHAPRUMMMM!!! Foi a maior explosão que meus ouvidos já detectaram até então. Apesar de tudo, corri na direção do estrondo e cheguei na famosa ponte: um raio acabava de arrancar um dos arcos que coroam a ponte, o qual, até hoje, não sei onde foi parar. Daí então, nunca mais passei sobre aquela ponte, em noite chuvosa de uma segunda-feira, naquela semana, e em todas as outras que vieram a seguir".


quinta-feira, 29 de outubro de 2015

A Igreja de São José do Ribamar no Recife





A IGREJA DE SÃO JOSÉ DO RIBAMAR NO RECIFE

Fotografias e seleção de textos de Clóvis Campêlo

Segundo Semira Adler Vainsencher, em texto publicado no sítio da Fundação Joaquim Nabuco, um dos prédios mais antigos da capitania de Pernambuco, situado no bairro de São José, a igreja de São José do Ribamar começou como uma modesta capelinha, fruto da iniciativa de carpinteiros e marceneiros do Recife. A Irmandade deles, porém, só foi constituída no século XVIII, com um patrimônio estimado em "cem mil réis". O surgimento desse templo, portanto, representou uma obra de devoção popular. O prédio foi levantado sob o signo de São José dos Carpinteiros - o seu padroeiro - que exercia essa mesma profissão.
Ainda segundo ela, os trabalhos de construção da igreja começaram em 1756, mas, por falta de recursos financeiros, a igreja ficou inacabada. Registra a História que, na época (1788), o governador D. Tomás José de Melo quis proteger esse templo e, para tanto, utilizou a sua astúcia. Mandou rastrear o litoral pernambucano em busca de âncoras e outros objetos de ferro, pertencentes a navios naufragados na costa, e que eram dados como perdidos. Os objetos, quando encontrados, eram levados à praia de São José.
A partir daí, o governador convidou os negociantes locais (quiçá, alguns donos dos próprios objetos) a fim de participarem de um leilão público. Devido à adulação de certos negociantes, algumas peças leiloadas alcançavam preços bastante elevados, chegando a serem arrematadas mais de duas vezes. Isto porque os arrematantes, após adquiri-los, deixavam os objetos, novamente, para o acervo de São José. Foi dessa maneira que D. Tomás amealhou recursos e deu andamento às obras da igreja. O prédio, no entanto, só ficou pronto em 1797.
Segundo o sítio Patrimônio de Influência Portuguesa, a Igreja de São José do Ribamar, em disposição interna de nave, capela‐mor e corredores laterais, é edificação da segunda metade do século XVIII. Assim se confirma diante das tribunas, de boa feitura em talha. No frontispício atual existe uma data: o ano de 1653, que pode recuar a uma antiga capela. Tem boa talha nos retábulos, inspirada na existente no Mosteiro de São Bento, em Olinda. Por sua vez, a que ornamenta a edificação de Olinda tomou por modelo a do mosteiro beneditino de Tibães, em Braga, Portugal. A igreja abrigava uma irmandade de marceneiros dedicada a São José. Ainda nos dias presentes o casario que forma o pátio é de dimensões reduzidas, na frente do lote.

Recife, julho 2015

domingo, 25 de outubro de 2015

Monumento ao Maracatu



MONUMENTO AO MARACATU

Fotografias e pesquisa de textos de Clóvis Campêlo

Segundo o site da Prefeitura da Cidade do Recife, o trabalho do artista plástico Abelardo da Hora, foi inaugurado em dezembro de 2008, na praça próxima ao Forte das Cinco Pontas, no bairro do São José, e voltado para a Igreja de Nossa Senhora do Terço, onde acontece a tradicional cerimônia Noite dos Tambores Silenciosos, no Carnaval.
O Monumento ao Maracatu tem uma altura total de quatro metros. A obra é composto por oito figuras fundidas em bronze patinado, cada uma com dois metros de altura, sobre um pedestal de concreto revestido de granito verde ubatuba. Trata-se do maior conjunto de esculturas feitas em bronze na cidade. A peça mostra o cortejo de um maracatu de baque virado com rei, rainha, dama de companhia, dama da boneca, porta-estandarte, porta-lanterna, o carregador do elefante e o ogan (batuqueiro do maracatu) com sua alfaia. Além disso, há as alegorias: o elefante, o guarda-sol, o estandarte e a lanterna.
Ainda segundo o site, o maracatu é fruto de uma expressão de uma população que foi sequestrada da África e veio construir o nosso país e que até hoje sofre, mas soube resistir e conseguiu, por meio de suas manifestações, deixar o Brasil numa importante posição perante o mundo.
Para o autor da obra, Abelardo Germano da Hora, o Monumento ao Maracatu representa a criatividade e a raiz da população negra trazida pelos escravos. É um prazer poder colocar nas mãos do povo um referencial tão forte da cultura que me inspirou tanto, disse o artista que estava acompanhado da sua esposa, dona Margarida da Hora.
O monumento também faz uma homenagem à Dona Santa, que foi rainha do centenário Maracatu Elefante. O rosto da rainha é uma reprodução do de Dona Santa comandando um cortejo solene. Na placa informativa, o texto detalha que a obra foi erguida em reverência a rainha de todas as rainhas, que transformou o Recife na sua nação imperial.
Abelardo da Hora, o autor da obra, nasceu na cidade pernambucana de São Lourenço da Mata, em 30 de julho de 1924 e faleceu no Recife, em 23 de setembro de 2014.

Recife, outubro 2015

quinta-feira, 22 de outubro de 2015

Igreja de Nossa Senhora do Terço






IGREJA DE NOSSA SENHORA DO TERÇO

Fotografias e pesquisa de textos de Clóvis Campêlo

A Igreja de Nossa Senhora do Terço situa-se no tradicional Pátio do Terço, no bairro de São José, entre a rua Direita e a rua das Águas Verdes.
Segundo a Wikipédia, durante a presença holandesa no Recife, o conde Maurício de Nassau, desejando atribuir uma cor moderna à cidade, ordenou, no local onde se encontra o Pátio do Terço, a abertura de canais, a drenagem de terras alagadas, o levantamento de trincheiras com fossos e estacadas, entre outros.
Até as primeiras décadas do século XVIII, no começo da rua dos Copiares (chamada, hoje, de rua Cristóvão Colombo), existia um nicho, com uma imagem de Nossa Senhora, onde os viajantes se ajoelhavam e rezavam um terço à Virgem Santíssima. Como a localidade havia se tornado um ponto importante, a capela de Nossa Senhora do Terço foi ali erguida, na antiga rua dos Copiares.
A Irmandade de Nossa Senhora do Terço, por outro lado, só foi ali instalada no dia 19 de setembro de 1726. Na metade do século XIX, a capela já se encontrava quase demolida, quando, por iniciativa da Irmandade, o novo templo foi construído.
Antes disso, porém, um acontecimento histórico teve lugar às portas da igreja: a condenação à forca, do frade revolucionário da Confederação do Equador, Frei Joaquim do Amor Divino Caneca.
Entretanto, como ninguém se prestou a enforcar Frei Caneca, na igreja, os soldados levaram-no a pé, por toda a extensão do Pátio do Terço, até o Largo das Cinco Pontas, onde o frade terminou sendo morto a tiros de espingarda, junto à igreja de São José, a despeito da comoção popular.
A capela-mor e um dos altares da igreja de Nossa Senhora do Terço foram entalhados pelo mestre pernambucano José de Souza. No templo, pode-se apreciar um coruchéu (parte mais elevada de uma torre) de azulejos, com jarros ornamentais e uma balaustrada elegante; um sino; uma pequena cruz com anjos; uma janela com balcão de grade; um relógio e uma data: 1726.
Algumas imagens estão, também, presentes na igreja: Nossa Senhora do Terço, Senhor Bom Jesus, Santo Antônio, São João, São Brás, São Manuel da Paciência, Nossa Senhora das Angústias, São Sebastião, Santa Rita de Cássia e Nossa Senhora da Soledade.
Segundo Semira Adler Vainsencher, em texto publicado no sítio da Fundação Joaquim Nabuco, quando os holandeses foram expulsos, o lugar onde seria erguida aigreja, ficou sendo conhecido como "a estrada da cidade, para quem viesse do lado do continente". Até as primeiras décadas do século XVIII, no começo da rua dos Copiares (chamada, hoje, de rua Cristóvão Colombo), existia um nicho, com uma imagem de Nossa Senhora, onde os viajantes se ajoelhavam e rezavam um terço à Virgem Santíssima. Como a localidade havia se tornado um ponto importante, a Igreja de Nossa Senhora do Terço foi ali erguida: na antiga rua dos Copiares.


Bairro do São José
Recife, julho 2015

domingo, 18 de outubro de 2015

Varandas e janelas




VARANDAS E JANELAS
Recife, julho 2015
Fotografias de Clóvis Campêlo

quarta-feira, 14 de outubro de 2015

Venerável Ordem Terceira de São Francisco de Olinda
















VENERÁVEL ORDEM TERCEIRA DE SÃO FRANCISCO DE OLINDA

Pesquisa e fotografias de Clóvis Campêlo

Segundo a Wikipédia, “as Ordens terceiras são associações de leigos católicos, vinculadas às tradicionais ordens religiosas medievais, em particular às dos franciscanos, carmelitas e dominicanos. Reúnem-se em torno à devoção de seu santo padroeiro. Espalharam-se pela América através dos colonizadores e foram um elemento importante na vida social da América portuguesa e espanhola. Distinguem-se das irmandades por estarem associadas às ordens religiosas da Idade Média.
Durante a colonização do Brasil, várias ordens religiosas se estabeleceram na colônia. As que mais tiveram influência foram os beneditinos, carmelitas, franciscanos, capuchinhos e os jesuítas. As ordens terceiras mais atuantes no Brasil foram a Ordem Terceira do Carmo e a Ordem Terceira de São Francisco da Penitência, hoje Ordem Franciscana Secular. De forma semelhante às irmandades, estas ordens eram organizadas e dirigidas pelos leigos, cabendo aos religiosos o papel de orientação espiritual.
Durante o ciclo do ouro no Brasil, algumas ordens terceiras tornaram-se ricas, patrocinando a construção de igrejas barrocas, sobretudo na Bahia, Minas Gerais e Rio de Janeiro.
A primeira organização da Ordem Franciscana Secular no Brasil surgiu em Olinda no século XVI e por muito tempo foi denominada Ordem Terceira de São Francisco da Penitência”.

Segundo a historiadora Semira Adler Vainsencher, em texto publicado no site da Fundação Joaquim Nabuco, “Tendo sido construída em Olinda, em um largo sobre uma alta colina, a igreja de São Francisco data do século XVIII, época em que o seu convento (em anexo) foi reconstruído.
Na frente do templo, há um grande e artístico cruzeiro de pedra e, em seu interior, existem belos painéis de azulejos, representando a vida de Nossa Senhora. A portaria e o claustro encontram-se decorados, respectivamente, com seis azulejos sobre a vida de Santa Ana, e dezesseis painéis, a respeito da vida de São Francisco.
No teto da nave vê-se uma grande pintura representando o Orbe Seráfico, compreendendo as quatro partes do universo. Há uma cortada interessante, no centro da nave, que abriga a capela dos Irmãos Terceiros, uma edificação em puro estilo barroco. Testemunham certos estudiosos que, em termos de beleza, essa capela rivaliza com a Capela Dourada do Recife.
Na sacristia, pela sua pujança barroca, destaca-se um dos arcazes com retábulo mais preciosos do País. Vêem-se, também, cômodas e repositórios (de jacarandá entalhados), um lavatório de pedra portuguesa e pinturas, particularmente de flores, e episódios da vida de Santo Antônio, em seu teto. Vale deixar registrado que, todo esse acervo está bastante mal conservado e, por conta dos deslizamentos das ladeiras de Olinda, ameaçado de ruir".

Novamente segundo a Wikipédia, "o Convento de São Francisco é parte de um conjunto arquitetônico barroco de excepcional importância, que inclui a Igreja de Nossa Senhora das Neves, a Capela de São Roque, o claustro e a sacristia. Localiza-se na Ladeira de São Francisco, 280, em Olinda, Pernambuco.
É convento franciscano mais antigo do Brasil. Sua construção foi iniciada em 1585, com projeto do frei Francisco dos Santos, mas foi parcialmente destruído pelos holandeses no ano de 1631 e reconstruído ainda no século XVII. Em frente ao convento existe um cruzeiro trabalhado em pedra de arenito retirada dos arrecifes.
O claustro e a sacristia são famosos pela série de painéis de azulejos portugueses, com cenas diversas. Na igreja, na sacristia e na capela chama a atenção o rico trabalho de talha em madeira do teto, com caixotões contendo pinturas do século XVIII. O mosteiro tem ainda uma biblioteca com um precioso acervo de obras raras, e nele foi instalada a primeira biblioteca pública de Pernambuco.
O conjunto foi incluído no rol dos monumentos do Centro Histórico de Olinda, tombado pela UNESCO como Patrimônio da Humanidade".


Olinda, outubro 2015