segunda-feira, 14 de maio de 2018

Lula Cardoso Ayres e Dona Santa

Fotografia de Lula Cardoso Ayres / Data desconhecida

LULA CARDOSO AYRES E DONA SANTA

Clóvis Campêlo
 

Segundo o site Olhavê, "destaca-se na produção fotográfica de Lula Cardoso Ayres, os retratos de Maria Júlia do Nascimento, Dona Santa, a mais famosa rainha de maracatu de baque virado. Personagem antológico do Maracatu Nação Elefante, Dona Santa é lembrada por quem a conhecia como uma mulher altivamente elegante. E toda segunda-feira de Carnaval, Dona Santa tornava-se a Rainha. Vestida como uma majestade europeia, envolta em seda, cetim, ricos bordados e adornada com o exagero próprio das bijuterias típicas do traje. Para dar mais sentido ao seu “papel”, usava como quem nasce com eles, a capa de gola alta, o cetro e a coroa. Mas a imagem soberba de Dona Santa ainda era mais vigorosa por conta do espadim de metal, com o qual abençoava seus “súditos”. Os retratos feitos por Lula desta mulher, Rainha e Mãe de Santo, são movidos pelo olhar penetrante e pela atmosfera hierática. Fotografias que transformam a ideia da fantasia em imaginário valioso e simbólico".
Lula Cardoso Ayres nasceu na cidade do Rio Formoso, na zona da mata sul do Estado de Pernambuco, em 26 de setembro de 1910. Segundo o Google, foi um pintor vanguardista e programador visual. Aluno do artista alemão Hemrich Moser e discípulo de Cândido Portinari, aos doze anos de idade já demonstrava os seus dons artísticos.

Segundo a Enciclopédia Itaú Cultural, em 1925 viajou para Paris, onde visitou a 1ª Exposição Internacional de Arte Decorativa. Em Paris, frequentou museus e ateliês de pintores como Maurice Denis e entrou em contato com os movimentos artísticos modernos da Europa. Regressa ao Brasil no ano seguinte, fixando-se no Rio de Janeiro, estabelece um ateliê no bairro de Laranjeiras, frequentando  informalmente a Escola Nacional de Belas Artes - Enba. Tem aulas de modelo vivo com Rodolfo Amoedo. No ateliê de Carlos Chambelland, estuda desenho e pintura. Conhece Candido Portinari, de quem se torna amigo. Profissionalmente, realiza cenários para teatro e atua como ilustrador e caricaturista na revista Para Todos.
De volta para Pernambuco, em seu processo de pesquisa artística, Ayres começa a realizar fotografias sobre diversos aspectos da vida das populações rurais. No decorrer dos anos 1930 e 1940, intensifica o interesse antropológico por modos de vida e rituais, em parte estimulado pela convivência com o poeta Ascenso Ferreira e o sociólogo Gilberto Freyre. Produz grande quantidade de fotografias e também diversos desenhos de manifestações como o bumba-meu-boi, o maracatu, o carnaval, os rituais do candomblé e de populações indígenas. Parte dessas fotografias integra hoje o acervo do Museu do Homem do Nordeste. Morreu no Recife em 30 de junho de 1987.
Segundo texto publicado no site da Fundaj pela pesquisadora Lúcia Gaspar, "Maria Júlia do Nascimento, a Dona Santa, a mais conhecida rainha dos maracatus recifenses, nasceu no dia 25 de março de 1877, no pátio de Santa Cruz, no Recife. Antes de ser rainha do Maracatu Elefante onde ficou famosa, Dona Santa ou Santinha participou de congadas (dança de origem africana), das troças carnavalescas Verdureira e Miçangueira, foi rainha do Maracatu Leão Coroado e fundou a Troça Carnavalesca Mista Rei dos Ciganos, que se transformou depois no Maracatu Porto Rico do Oriente. Filha e neta de africanos, tinha no sangue o ritmo da zabumba e do "baque virado" do maracatu. Quando era rainha do Leão Coroado, casou-se com João Vitorino, abdicando do trono depois que seu marido foi escolhido para reinar no Maracatu Elefante, fundado, segundo várias fontes, em 1800. Dona Santa foi rainha do Maracatu Elefante durante dezesseis anos, período em que a agremiação teve seu maior destaque. Ao ficar viúva, assumiu sua direção, porém só foi coroada no dia 27 de fevereiro de 1947". Dona Santa, faleceu no Recife, aos 85 anos, em 1962.

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