quarta-feira, 16 de maio de 2018

Clube Banhistas do Pina


CLUBE BANHISTAS DO PINA

Clóvis Campêlo

Segundo a Wikipédia, o frevo-de-bloco é um frevo executado por orquestras de pau-e-cordas. Estas orquestras geralmente são compostas por violões, cavaquinhos, banjos, bandolins, violinos, além de instrumentos de sopro (como flauta e clarinete) e de percussão (como surdo, caixa e pandeiro). É chamado pelos compositores mais tradicionais de "marcha-de-bloco".
O frevo-de-bloco é a música das agremiações tradicionalmente denominadas “blocos carnavalescos mistos”, cujo aparecimento no carnaval de Pernambuco se relaciona a um dado histórico e sociológico: o início da efetiva participação da mulher, principalmente da classe média, na folia de rua do Recife, nas primeiras décadas do século XX.
Segundo matéria publicada no Diario de Pernambuco, em 28/01/2017, “o pastoril já era tradição natalina quando Julieta Leite decidiu estender a brincadeira com as amigas para o período carnavalesco. Era 1932 e elas tinham uma condição: queriam sair às ruas cantando. Para isso, precisavam criar um agregado parecido com os tradicionais blocos formados pela classe média e alta. À época, estava em discussão no Recife a introdução do banho salgado e o uso social da faixa de areia. Em uma reunião, vários nomes surgiram para o bloco da comunidade do Bode: veranistas, praieiros, jangadeiros. Dentre eles, banhistas, uma referência a uma espécie de vocação do bairro e ao mesmo tempo a ousadia de se introduzir naquele debate vigente na capital pernambucana. O primeiro desfile foi com um “flabelo” feito de galhos. A primeira sede, localizada no mesmo endereço da atual, a Rua São Luiz, era uma casa de taipa em um aterramento de área de mangue”. A matéria foi publicada em homenagem às comemorações dos 85 anos do bloco.
E ainda: ““Não existia coral, quem cantava eram as pastoras. Quem entrava no bloco era para tocar e cantar. Os homens eram só para tomar conta das mulheres, que se apresentavam. O bloco era formado por cerca de 20, 30 mulheres”, contou o filho de dona Julieta, o atual presidente do Banhistas do Pina, Lindinalvo Leite. Conhecido na comunidade como Vavá, aos 82 anos ele ainda lembra a empolgação da mãe com as atividades do bloco. Julieta morreu os 69 anos, deixando como legado a união da família em torno da atividade. Para ela, desfilar era uma obrigação de todos os parentes e até hoje a regra é cumprida.
Este ano, em comemoração aos 86 anos de fundação da entidade carnavalesca, em 16 de janeiro, o site G1 da Globo, mostrou a seguinte matéria: “Em comemoração aos 86 anos de fundação, o Bloco Carnavalesco Misto Banhistas do Pina vai realizar uma programação especial, que culmina com o tradicional Baile Azul e Branco, no dia 3 de fevereiro, na sede da agremiação, no bairro do Pina, em Boa Viagem, Zona Sul do Recife. Com o tema “Salve Nossas Cores”, a agremiação resgata acervo historiográfico do bloco e realiza exposição no Museu da Abolição. Bloco de pau e corda tradicional, o desfile da agremiação vai trazer um misto de elementos que lembram a origem do bloco, como a relação com a natureza e com a praia, o pertencimento comunitário, o cordão azul do pastoril, a pesca, a espiritualidade e o misticismo do mar do Pina. A programação tem início no dia 27 de janeiro, com o lançamento do "Caderno de Canções Somos Banhistas do Pina", que acontece no Paço do Frevo, no Bairro do Recife, às 17h. No dia 1º de fevereiro, começa a exposição “Banhistas do Pina – 86 anos de Frevo”, no Museu da Abolição, a partir das 17h. Já no dia 2 de fevereiro, será realizada uma oficina de artes plásticas com as crianças da agremiação. O ponto alto dos festejos será no dia 3 de fevereiro. A partir das 19h, ocorrerá uma missa em ação de graças ao Bloco, na Matriz de Nossa Senhora do Rosário, na Avenida Herculano Bandeira, no Pina. Em seguida, um cortejo formado por moradores, foliões, orquestra e corais, segue até a sede do bloco, localizada na Rua São Luiz, nº 316, no bairro do Pina. No local, haverá um grande bolo e será cantado parabéns ao bloco. Por fim, acontece o tradicional Baile Branco e Azul. O evento tem entrada gratuita e para participar é preciso vestir roupas unicamente azul e/ou branco. O bloco participará, ainda, do Desfile de Agremiações do estado, no dia 11 de fevereiro, na Avenida Dantas Barreto. O desfile ainda não tem horário definido”.
Do passado ao presente, essa é a singela história do Bloco Banhistas do Pina, uma tradição da cultura carnavalesca recifense e um dos pontos de resistência cultural do bairro, que hoje passa por profundas e definitivas transformações.

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