sexta-feira, 12 de setembro de 2014

Os governos e a corrupção


OS GOVERNOS E A CORRUPÇÃO

Clóvis Campêlo

A estrutura de poder paralelo da corrupção existe há muito no Brasil, contaminando e ultrapassando vários governos de diversos “credos” políticos e ideológicos. Na interessantíssima entrevista com o economista norte-americano Werner Baer, PhD em Economia e professor da Universidade de Illinois, publicada no Jornal do Commercio do Recife, do dia 23 de agosto próximo passado, citando o escritor Marcos Mendes, ele afirma textualmente o seguinte: “Você tem uma democracia e, para ser reeleito, tem que ceder, mais cedo ou mais tarde. Tem que fazer muitas despesas, que são gastos correntes, simplesmente para obter uma aliança para governar. O resultado é que fica pouco dinheiro para fazer investimentos. Então esse é o dilema em geral que os governos brasileiros nos últimos anos estão enfrentando”. Nesse sentido, amigos, o uso competente e inteligente do caixa dois, resolve o dilema acima citado.
A grande questão, porém, é que essa utilização sistemática e constante deixa pairando no ar um cheiro de impunidade e onipotência, além da constatação de que a sobrevivência política, realmente, necessita da contravenção para existir e se manter.
Quem acreditava, por exemplo, que o ex-governador Eduardo Campos estaria imune a esse tipo de atitude, surpreendeu-se ao ver o seu nome na lista dos comedores de propina da Petrobras. Esqueceram-se, porém, que ele, antes, como Secretário Estadual da Fazenda do último governo Arraes, havia se envolvido na história dos precatórios, desgastando a imagem do avô e levando-o a amargar uma derrota humilhante na disputa pelo governo do Estado. Dudu, inclusive morreu viajando em um avião doado irregularmente para a sua campanha, caracterizando mais um ato de caixa dois. Portanto, fazer uso inescrupuloso desse artifício e negar veementemente esse uso, sempre fez parte do arsenal de mentiras oficiais dos nossos políticos de plantão. Nesse sentido, realmente, são todos farinha do mesmo saco.
Mas, deixando de lado o aspecto puramente moral da história da corrupção, dos corruptores e dos corrompidos, ao longo dos anos, tem sido com base na prática política do “é dando que se recebe” que temos evoluído política e administrativamente. Quem seria louco de tentar governar, por exemplo, sem lotear a máquina estatal entre os partidos aliados, principalmente quando não se tem a maioria necessária no Congresso Nacional? Ninguém! Loteia-se, entregam-se ministérios, criam-se outros para isso e se perde o controle do que ocorrerá dali para a frente. A sujeira e a malandragem dos aliados sempre respingará no comando do governo, favorecendo as análises mais depreciativas e tendenciosas que a mídia comprometida com a falta de verdade sempre gosta de elaborar. Na luta cega pelo poder, aliás, sobra muito pouco espaço para a honestidade e a pureza de propósitos.
De qualquer maneira, acredito que o Brasil tenha mudado e muito avançado em questões que garantem direitos essenciais à sua população, notadamente às camadas menos favorecidas. O que não se pode mais é regredir e cortar os direitos conquistados em detrimento dos que sempre mamaram nas tetas do poder.

Recife, setembro 2014

2 comentários:

Pedro Du Bois disse...

Como aprendi desde cedo, Amigo Clóvis, "quem sai aos seus não (se) regenera"; ou, "que uma mão suja a outra". Mas, concordo, avançamos muito em relação a todas essas mazelas: acabar com elas, só quando formos o "paraíso". Abraços e bom final de semana. Pedro.

José Arimateia disse...

Muito bem escrito, Tim.

Caríssimo, me permita ver se entendi
Quer dizer que estamos rendidos de fato?
Aquele partido que dizia que vinha para botar moral
veio de fato para nos render e nos assaltar com toda a propriedade e ainda fabricar uma síndrome de culpa nas vítimas?
Que o roubo agora é uma categoria de pensamento?

Na verdade, eu vejo que essa discussão está posta não é nem para ser debatida com um lado oposto, porque supostamente não era para haver lado oposto, pois, pelos planos da revolução cultural toda oposição já teria sido completamente eliminada e, no simulacro de democracia, esses detalhes estariam sendo discutidos só entre as hienas que repartem a coroa do triunfo revolucionário.

Dito isto, a evidência do bolivarianismo tupiniquim ter o DNA do stalinismo ou o nazismo é mera constatação. Está dizendo assim, _ "Podemos até queimar etapas, vamos ao saque puro e simples, um pouco pra mim um pouco pra ele outro para aquele e, tendo saqueado para a nobre causa tudo está evidentemente perdoado". Eita,que revolução! Receita seguida perfeitamente.

Resta só a espera do gran finale, a miséria de sempre.
Deus nos acuda!