quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

A primeira resenha do ano


A PRIMEIRA RESENHA DO ANO

Clóvis Campêlo

Juro que pensei que escreveria essa primeira resenha no dia 1º, Dia da Confraternização Universal (ainda lembram disso?).
Mas foi uma ressaca tão grande que me mandei para o Pina, onde diante daquele cenário maravilhoso costumo recarregar as baterias, lembrar do passado e pensar no futuro.
Não pensem, porém, que se tratou de uma ressaca etílica. Nem de longe. Aliás, nesse final de ano bebi pouco, pouquíssimo mesmo.
Assim como Renato Boca-de-Caçapa, o filósofo do povo, sinto que o tempo passou e já não me permite grandes extravagâncias. Moderar é preciso.
Na verdade, a minha ressaca foi psicológica. Por isso, adorei quando abri os olhos no dia 1º, Dia da Confraternização Universal, e vi que tudo voltava ao normal. Como diria o meu amigo Don Regueira, outro boêmio à moda antiga, já estava cansado daquele falso clima de alegria e fraternidade, do enlouquecimento das pessoas nas lojas gastando o seu 13º salário e pedindo inscrição no SPC e no Serasa.
Na minha modesta opinião, o consumismo é muito pior do que o comunismo, além de não ter nada a ver com o espírito do Natal.
Assim sendo, do mesmo jeito que Dom Hélder Câmara, nos longínquos anos 60, foi ao Palácio do Governo, receber a Rainha da Inglaterra com seus sapatos velhos e sua batina surrada (isso nunca me saiu da lembrança!), vesti-me de humildade, com as minhas roupas do dia-a-dia e fui olhar a passagem do ano em Gravatá. Mas, enfim, chega janeiro, o mês da serenidade. E eis-me aqui, devagar, a divagar sobre o que escrever.
Confesso, porém, que não foi só isso que adiou a elaboração da minha primeira resenha do ano. Estava vazio de assuntos. Precisava de um tempo. Precisava ficar à toa, olhando as horas passarem sem nada fazer, preguiçando.
Nada de planos, de esforços inúteis, de canseiras, correrias. Apenas um pouco de inércia.Esse clima, aliás, tenho sentido nas pessoas como um todo.
Parece que o ano novo deve ser repensado, refletido e analisado com calma.O importante, afinal, é que ainda estamos vivos e temos um longo caminho pela frente em busca do futuro.
Que venha 2013!


2 comentários:

Verônica Aroucha disse...

Pois é amigo e poeta, estamos todos a divagar, creio eu. Repensar no que foi feito dos 12 meses passados não irá contribuir para devolver a chance de evitar derramar tanto leite; mas espero estar mais "viva" - A hora pede por isso - não importa quanto tempo seja a mais, porém, a intensidade. Estive morna, estive ausente, indiferente, de uma indiferença distinta da frieza. Foi uma indiferença do gosto perdido de alguma ilusão. Tomara reaver novos sonhos, planos e alegrias. Que a maturidade não me tire o gosto da criança que existiu em mim. " Quero ficar no teu corpo como tatuagem", assim como na tua alma e todos em mim. Um perfeito ano de 2013!

Verônica Aroucha

Violante Pimentel disse...

As festas de fim de ano me dão um vazio na alma, pois vejo as pessoas acometidas de uma ânsia de consumismo, uma compulsão de comprar, como se o mundo fosse se acabar. Parece que todos os transeuntes estão correndo contra o tempo, ao encontro da felicidade. Ledo engano. Passado o fim do ano, a vida volta ao normal, e chega a realidade. Mais um ano que se inicia, com IPTU para pagar, despesas escolares e as faturas mostrando compras supérfluas, que bem poderiam ter sido menores, ou, até mesmo, evitadas.
Parabéns pela excelente crônica, Clóvis Campelo! Parece que a desolação não é privilégio seu. Comungo do mesmo pensamento.