sábado, 11 de junho de 2016

O cais


Fotografia de Clóvis Campêlo (julho 2015)

O CAIS

Clóvis Campêlo

Nem sempre o cais é solidão ou despedida.
Também pode ser encontro e chegada,
Retorno ao ponto de partida
em outra transversal do tempo.

Nem sempre o cais é escuridão.
Também pode ser uma intensa luz azul,
descortinando novas visões do presente,
resgatando o passado do mais puro esquecimento.

Nem sempre o cais é ilusão e rigidez.
Também pode ser sólido como as pedras que o seguram
ou maleável e fluido como a água que o lava
E justifica a sua existência.

Nem sempre o cais se dissolve no ar.
Também pode se condensar numa nova vida,
Em novas crenças e amores,
Na certeza de que tudo é eterno,
Mesmo sendo passageiro.

Recife, junho 2016

4 comentários:

Urariano Mota disse...

Muito bom, Clóvis. Nada tem de poema inútil.
O seu lembra as canções "Cais do porto", de Capiba, "Encontros e despedidas", de Milton Nascimento.
Aliás, o poema é, ele próprio, uma nova canção.

Urda Alice Klueger disse...

LINDO!!!

Luzilá Gonçalves Ferreira disse...

Lembre Pessoa: todo cais é uma saudade de pedra. Abraço

Walter da Silva disse...

Muito oportuno, URARIANO. A questão é que o CLÓVIS CAMPELO sofre dessa nossa doença tropical: a modéstia.
abraço,