Fotografias de Clóvis Campêlo/2015
QUANDO A HISTÓRIA É MAL CONTADA!
Clóvis Campêlo
Como diz o escritor Urariano Mota, muito pouca gente sabe que o que está ruim ainda pode ficar pior. É o caso, por exemplo, do Forte de Nossa Senhora do Pau Amarelo, na praia do Pau Amarelo, na cidade do Paulista, no litoral norte de Pernambuco.
Segundo a Wikipédia, o monumento, de propriedade da prefeitura do município, foi tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional em 24 de maio de 1938, sob o número 84 no Livro das Belas Artes. Mesmo assim, encontra-se atualmente em condição inadequada de conservação, com as paredes da parte superior da edificação pichadas, e o que é pior, repleto de lixo e excrementos humanos e animais. Visto de fora, conforme as fotografias acima, ainda apresenta um aspecto imponente e belo, mas, não se pode dizer o mesmo da parte superior.
Ainda segundo a Wikipédia, na sua parte inferior, que estava fechada quando da nossa visita, de acordo com o convênio assinado em 2001, entre a Prefeitura do Paulista e o Instituto de Apoio ao Desenvolvimento Tecnológico e Científico (IPAD) para restauração do forte, estava incluído o disciplinamento do comércio local, a instalação de um posto do Banco do Brasil e um outro da Polícia Militar, além da transformação de uma quadra já existente na frente do Forte em uma praça para grandes eventos. Além disso, nas salas existentes no andar térreo, que já chegaram a ser invadidas por famílias de baixa renda, iriam ser instaladas lojas de artesanato, um centro de informações turísticas e um museu histórico da cidade. Pelo estado de conservação do monumento hoje, porém, não acreditamos que isso tenha acontecido. A quadra em frente ao Forte continua ociosa e ocupada por vendedores de comidas típicas.
De positivo, porém, observamos que as construções irregulares que haviam no entorno do Forte (bares e barracas) foram demolidas. Ao mesmo tempo as ruas que cercam o patrimônio histórico foram calçadas, facilitando o acesso ao prédio. O avanço do mar na área, obrigou as autoridades competentes a construírem um pequeno muro para a contenção das águas marinhas. Desse modo, a praia que existia no local ficou prejudicada, principalmente quando a maré está alta. A grande quantidade de coqueiros que havia na praia, a alguns anos atrás, também foi derrubada pelo avanço da maré.
Segundo o site da Fundação Joaquim Nabuco, existe ainda no local uma capela, cuja padroeira é Nossa Senhora dos Prazeres, salientando que o início da povoação de Pau Amarelo data da construção do Forte, no século XVIII.
Lamentamos, portanto, que o monumento hoje ainda não esteja numa condição que faça jus ao seu valor de patrimônio histórico de Pernambuco. O Forte do Pau Amarelo, ao lado dos outros fortes que ocupam espaços na cidade do Recife e em outras cidades do nosso litoral, integra um sistema de defesa concebido pelos nossos colonizadores portugueses para a sua proteção. Interessante seria que esse circuito histórico fosse valorizado e sistematicamente utilizado como forma de incremento turístico em nosso Estado.
A nossa história precisa ser melhor contada!
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