FRANK SINATRA E A GRANDE NAÇÃO PESQUEIRENSE
Clóvis Campêlo
O que teria o cantor americano Frank Sinatra a ver com a cidade de Pesqueira? Aparentemente nada!
Situada no sertão de Pernambuco, no Planalto da Borborema, a uma altitude de 615 metros e a 215 quilômetros do Recife, segundo o Censo 2014, possui pouco mais de 65 mil habitantes. Para muito mais gente, cantou Frank Sinatra no Brasil, em janeiro de 1980, quando colocou para assisti-lo e escutá-lo, no Estádio do Maracanã, no Rio de Janeiro, cerca de 170 mil pessoas. Ou seja, quase o triplo da população atual de Pesqueira.
Não sei se Sinatra chegou a vir outras vezes ao Brasil. Afinal, naquela época, ainda não estávamos inseridos no roteiro dos grandes shows internacionais, como hoje. Mas, a voz e o carisma de Sinatra, com certeza, no bojo dos grandes meios da comunicação moderna, o levaram até a cidade interiorana, onde fomentou um fã-clube respeitável nos cidadãos nascidos no pós-guerra, senhoras e senhores hoje ostentando 70 ou mais anos.
Uma outra verdade inquestionável: hoje, no Recife, existe um grande número de pesqueirenses que para aqui vieram em busca de melhores condições de estudo e de trabalho. Afinal, a vinte ou trinta anos atrás, Pesqueira ainda não apresentava a estrutura de cidade que hoje apresenta. Esse pessoal forma um grupo chamado de Grande Nação Pesqueirense que se reúne todo segundo sábado de cada mês, na sede do Círculo Militar do Recife. O encontro começa por volta do meio dia e se estende até as quatro horas da tarde. É tão animado e bem frequentado, que até pessoas nascidas em outras cidades pernambucanas, como Tabira, começaram a prestigiá-lo, formando um outro grupo especial dentro do grande grupo.
Foi lá que reencontrei, por exemplo, Carlos Celso Cordeiro, grande pesquisador do futebol pernambucano, com vários livros lançados, tabirense de nascimento, que conheci no Arquivo Público Jordão Emerenciano, nos anos 90, ao lado do jornalista Givanildo Alves, já falecido, um pioneiro nesse resgate.
No Círculo Militar, os encontros da Grande Nação Pesqueirense são animados por Nem dos Teclados, músico competente, também pesqueirense, e com um vasto e eclético repertório, que vai da música popular brasileira de todos os tempos aos grandes nomes da música internacional, entre eles Frank Sinatra.
Curiosamente, Sinatra e Pesqueira são contemporâneos, haja visto que o primeiro nasceu em 1915 e a segunda, com a configuração geo-política que tem hoje, surgiu em 1913.
Mas, os encontros mensais do Círculo Militar são sempre encerrados por Valdo, outro um autêntico filho de Pesqueira, cantando a música New York, New York, segundo a crônica musical especializada uma das três principais músicas da carreira de Sinatra, ao lado de My Way e Fly Me To The Monn. Com sua voz rasgada que mais se aproxima de Louis Amstrong, Valdo sempre encerra a festa em grande estilo para delírio de todos os pesqueirenses presentes. E de bônus ainda canta o Zé da Conceição, com o suínge sincopado de um Miltinho.
A festa sempre termina assim. E todos se despedem com o copo na mão.
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