QUEM VIVER, VERÁ!
Clóvis Campêlo
Interessante essa história de José Sarney apoiar Dilma Rousseff e votar em Aécio Neves para presidente. Mais interessante, ainda, foi a desculpa dada por ele ao ser flagrado no ato. Disse que assim o fizera em homenagem a Tancredo Neves, avô de Aécio e primeiro presidente civil eleito pelo colégio eleitoral do Congresso Nacional.
Tancredo foi eleito mas não assumiu a Presidência. Uma diverticulite mal curada nos poupou do seu governo. Para quem não se lembra, foi o próprio Sarney, na condição de vice-presidente eleito, que se tornou o primeiro presidente civil pós-ditadura.
Como um pouco de história não faz mal a ninguém, vale lembrar também que Tancredo e Sarney bateram chapa com Paulo Maluf (ele mesmo!) e Flávio Marcílio, os candidatos do Governo Militar de João Figueiredo. Vitória significativa com 480 votos (72,4%). O povo brasileiro foi às ruas e aplaudiu o fim da ditadura. Com a morte de Tancredo Neves, político oriundo do Partido Social Democrático (PSD) e um dos líderes do Movimento Democrático Brasileiro (MDB) na luta pela redemocratização do país, assumiu José Sarney, instituindo a Nova República.
Transcrevo na íntegra a definição de Sarney dada pela Wikipédia: “José Sarney é o político brasileiro com mais longa carreira (59 anos) no plano nacional, superando o senador Limpo de Abreu (53 anos de carreira política e 36 como senador vitalício). Ruy Barbosa, o mais duradouro político no período republicano, foi senador por 31 anos contra os 36 de Sarney e Limpo de Abreu. Durante sua vida pública José Sarney atuou sob quatro constituições (1946, 1967, 1969 e 1988, esta última convocada por ele, no exercício da Presidência da República) e quatro governos sob a Constituição de 1946, seis no governos militares e, depois de seu mandato presidencial, cinco sob a Constituição de 1988 — 15 governos. Como parlamentar integrou 13 legislaturas, quatro como deputado federal e seis como senador. Era parte da oposição ao governo antes de 1964 e, a partir daí, parte das forças de apoio ao regime militar. Paradoxalmente, acabou sendo o primeiro presidente civil após o regime militar, em razão da morte de Tancredo Neves”.
Ou seja, na sua política longa e de certa forma coerente ideologicamente, talvez tenha sido esse o momento de maior sinceridade por ele expressado. Sozinho, no recesso da urna, não imaginava que alguém teria a perspicácia de observar-lhe o ato de cidadania e decifrar, pelos movimentos dos dedos, a definição do seu voto.
Cumprindo mais um mandato que lhe foi conferido pelo voto popular e um dos líderes do PMDB, partido fisiologista e com a maior bancada no Congresso Nacional, cujo apoio e composição é condição indispensável para viabilizar qualquer administração presidencial, Sarney ainda estará presente no cenário político brasileiro por um bom tempo.
Quem viver, verá!
Recife, novembro de 2014
Interessante essa história de José Sarney apoiar Dilma Rousseff e votar em Aécio Neves para presidente. Mais interessante, ainda, foi a desculpa dada por ele ao ser flagrado no ato. Disse que assim o fizera em homenagem a Tancredo Neves, avô de Aécio e primeiro presidente civil eleito pelo colégio eleitoral do Congresso Nacional.
Tancredo foi eleito mas não assumiu a Presidência. Uma diverticulite mal curada nos poupou do seu governo. Para quem não se lembra, foi o próprio Sarney, na condição de vice-presidente eleito, que se tornou o primeiro presidente civil pós-ditadura.
Como um pouco de história não faz mal a ninguém, vale lembrar também que Tancredo e Sarney bateram chapa com Paulo Maluf (ele mesmo!) e Flávio Marcílio, os candidatos do Governo Militar de João Figueiredo. Vitória significativa com 480 votos (72,4%). O povo brasileiro foi às ruas e aplaudiu o fim da ditadura. Com a morte de Tancredo Neves, político oriundo do Partido Social Democrático (PSD) e um dos líderes do Movimento Democrático Brasileiro (MDB) na luta pela redemocratização do país, assumiu José Sarney, instituindo a Nova República.
Transcrevo na íntegra a definição de Sarney dada pela Wikipédia: “José Sarney é o político brasileiro com mais longa carreira (59 anos) no plano nacional, superando o senador Limpo de Abreu (53 anos de carreira política e 36 como senador vitalício). Ruy Barbosa, o mais duradouro político no período republicano, foi senador por 31 anos contra os 36 de Sarney e Limpo de Abreu. Durante sua vida pública José Sarney atuou sob quatro constituições (1946, 1967, 1969 e 1988, esta última convocada por ele, no exercício da Presidência da República) e quatro governos sob a Constituição de 1946, seis no governos militares e, depois de seu mandato presidencial, cinco sob a Constituição de 1988 — 15 governos. Como parlamentar integrou 13 legislaturas, quatro como deputado federal e seis como senador. Era parte da oposição ao governo antes de 1964 e, a partir daí, parte das forças de apoio ao regime militar. Paradoxalmente, acabou sendo o primeiro presidente civil após o regime militar, em razão da morte de Tancredo Neves”.
Ou seja, na sua política longa e de certa forma coerente ideologicamente, talvez tenha sido esse o momento de maior sinceridade por ele expressado. Sozinho, no recesso da urna, não imaginava que alguém teria a perspicácia de observar-lhe o ato de cidadania e decifrar, pelos movimentos dos dedos, a definição do seu voto.
Cumprindo mais um mandato que lhe foi conferido pelo voto popular e um dos líderes do PMDB, partido fisiologista e com a maior bancada no Congresso Nacional, cujo apoio e composição é condição indispensável para viabilizar qualquer administração presidencial, Sarney ainda estará presente no cenário político brasileiro por um bom tempo.
Quem viver, verá!
Recife, novembro de 2014
Um comentário:
"Uma homenagem a Tancredo Neves"...uma homenagem secreta com sabor de traição? Ah, tá!
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