sábado, 14 de junho de 2014

Só se não for brasileiro nessa hora!


SÓ SE NÃO FOR BRASILEIRO NESSA HORA!

Clóvis Campêlo

Ganhamos a primeira, amigos, mas, sinceramente, o futebol apresentado pela seleção brasileira não me agradou. Mesmo vencendo a Croácia por 3 x 1, jogamos sem alma e sem velocidade. Não sei se a postura demasiadamente retraída da seleção brasileira foi orientada por Felipão ou se foi uma atitude provocada pelo nervosismo da estreia.
Também não gostei da cerimônia de abertura da Copa, que me pareceu pobre, inadequada e mal ensaiada, verdade seja dita.
Assisti ao jogo no recesso do lar, ao lado da família e de alguns amigos. Entre eles, Maria, uma colombiana de 22 anos que em 15 dias aprendeu a gostar da cachaça pernambucana e da seleção brasileira de futebol. Maria é de Medellin, uma cidade com aproximadamente 4 milhões de habitantes. Chegou ao Recife vinda de São Paulo e logo se aclimatou. Torcedora do Nacional de Medellin, hoje, o seu maior desejo é conhecer Flávio Caça-Rato, muito comentado na sua terra natal. Já lhe prometi de presente uma camisa do glorioso Santa Cruz Futebol Clube.
Apesar de alguns recalcitrantes, a Copa do Mundo se iniciou com sucesso e segue forte. A afirmação da nossa brasilidade, da qual o futebol é um dos pilares, falou mais alto. Como já disse o poeta, quando algo deve realmente acontecer, tudo conspira a favor e não adiante nadar contra a corrente.
Diferentemente de 1950, quando perdemos o jogo final para o Uruguai e instituímos a tragédia nacional, existe um clima de equilíbrio e cobrança em relação à seleção brasileira de futebol. Hoje, ela é composta por jogadores milionários e experientes, apesar da pouca idade de alguns, e tem tudo nas mãos para chegar ao hexacampeonato.
Em 1950, o governo brasileiro gastou uma fortuna para construir o Estádio do Maracanã e permitir que 200 mil pessoas (aproximadamente 10% da população da cidade do Rio de Janeiro, naquela época) assistisse a final e a derrota brasileira. Hoje, um projeto dessa envergadura seria duramente criticado e taxado de megalomaníaco.
Mas, naquela época, o futebol já era uma paixão nacional. Em uma votação patrocinada pela Coca-Cola para eleger o craque nacional mais querido, o centro-avante pernambucano Ademir Menezes obteve uma votação maior do que a obtida pelo presidente Getúlio Vargas na sua reeleição, imaginem.
Na véspera do jogo final (onde, aliás, tudo de ruim e inadequado aconteceu na concentração da seleção brasileira), Ademir Menezes deixou-se fotografar nas margens da Lagoa Rodrigo de Freitas, na Cidade Maravilhosa, entornando uma garrafinha do refrigerante famoso.

Recife, junho 2014

2 comentários:

Gilvando Paiva disse...

Estou nessa torcida também amigo. Um abraço.

Paulo Lisker disse...

Estimado,li e muito apreciei o seu artigo.
Vosmecê tem toda razão, o nosso time veio sem vontade de ganhar e a vitoria veio em parte com a ajuda do juiz japonês.
Faltou na realidade o ímpeto e a malícia do futebol brasileiro.
Espero que nos próximos jogos a coisa melhore e nos leve ao sexto mundial.
Agora acabei de ver o jogo Uruguai e Costa Rica. (3 a 1 a favor da Costa Rica, por mais incrivel que pareça).
Isso sim é vontade de ganhar e não se amedrontar perante o Uruguai que chegou "cheio de vento" como um dos 4 candidatos a semi final.
Grande para um país pequeno.
Um grande abraço e continuo torcendo pelo Brasil.