sábado, 12 de abril de 2014

Morrer deve ser tão frio


MORRER DEVE SER TÃO FRIO

Clóvis Campêlo

Morrer deve ser tão frio,
solidão no cais do porto,
como as águas de um rio
desaguando num mar morto.

Fechando o início de um cio,
findando um trajeto torto,
alívio, talvez, desconfio,
depois, talvez, desconforto.

Talvez, quem sabe, um fio
cortando uma vida, aborto;
talvez, quem sabe, um envio,

o exílio de um rei deposto.
Morrer deve ser tão frio,
solidão no cais do porto.

Recife, 1994

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