Fotografias de Clóvis Campêlo / agosto 2017
ENTRE A BURGUESIA E A REVOLUÇÃO
Clóvis Campêlo
Já se disse que a
fotografia e o cinema, enquanto artes modernas, só surgiram quando a
evolução da tecnologia burguesa permitiu a criação de máquinas e
engenhocas apropriadas para isso, diferentemente da música, do
teatro e da literatura, artes que existem desde a Antiguidade.
No que tange
especificamente à fotografia, a sua origem remonta ao Renascimento,
com o desenvolvimento da câmara escura, artefato supostamente
existente desde o século V aC. O uso mais intensivo dessa surgiu a
partir da necessidade dos pintores renascentistas de copiarem a
realidade com fidelidade.
A realidade fielmente
copiada, porém, não foi e nem é suficiente para nos dar a dimensão
exata do mundo multifacetado em que vivemos. Nem sempre o simulacro
reproduz com fidelidade esse mundo e a sua contextualização. É aí
que entra a arte do fotógrafo e a sua capacidade de fazer leituras
diferenciadas. O mesmo objeto, numa mesma época e situação
especial pode ter realçado detalhes diferentes e diferenciadores.
Além do mais, fotografar
não é apenas perseguir o belo e o inebriante. Ao fotógrafo também
se permite a caça ao grotesco, ao feio, ao sujo e ao politicamente
“incorreto”.
Diferentemente do pintor,
que pode dispor do tempo que achar necessário para criar a sua obra,
o fotógrafo às vezes dispõe apenas de segundos para efetuar a sua
captura. Um simples hiato temporal pode modificar todo o significado
plástico e poético de uma imagem capturada.
Mas não era a minha
intenção teorizar sobre a arte burguesa da fotografia, e sim falar
sobra a sua utilização política e social. A arte de fotografar
hoje pertence a todos, independentemente das suas posições,
políticas, religiosas ou filosóficas. E essa apropriação é mais
do que devida.
As fotografias acima,
foram feitas no Pátio do Carmo, no Recife, em agosto próximo
passado, enquanto aguardávamos a chegada do ex-presidente Lula e da
sua caravana.
Serve para mostrar o
perfil dos que o apoiam e acreditam na sua proposta política e
governamental. Podemos observar não só o óbvio com também as
mensagens subliminares nelas existentes. Podemos ver a democrática
utilização das cores, mesmo com a predominância de alguns tons
mais fortes.
E como já disse o poeta
em um moderno frevo-canção, se a praça é do povo como o céu é
do avião, nada mais justo do que a sua ocupação seja devidamente
registrada e sirva para demonstrar e provar as suas opções e
preferências.
Ao povo, o que é do povo! As lutas, a labuta, as caras, as cores, os credos, os cantos. A satisfação de simplesmente ser, sem a necessidade de subterfúgios, escamoteamentos ou cretinices.
Ao povo, o que é do povo! As lutas, a labuta, as caras, as cores, os credos, os cantos. A satisfação de simplesmente ser, sem a necessidade de subterfúgios, escamoteamentos ou cretinices.
Sem medo nenhum de ser
feliz.
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