sexta-feira, 9 de dezembro de 2016

Nélson Ferreira e Bajado



NÉLSON FERREIRA E BAJADO

Clóvis Campêlo

Nélson Ferreira e Bajado nasceram no mesmo dia, 9 de dezembro.
O primeiro, em 1902, em Bonito, cidade situada no agreste pernambucano, filho de um violonista vendedor de jóias e de uma professora primária. Aprendeu a tocar violão, violino e piano. Fez sua primeira composição aos catorze anos, a valsa Vitória, sob encomenda.
O segundo nasceu em 1912, na cidade de Marial, na zona da mata sul do estado. Seu nome de batismo era Euclides Francisco Amâncio.
No Recife, Nelson Ferreira tocou em pensões, cafés e saraus e nos cinemas Royal e Moderno, sendo considerado o pianista mais ouvido na época do cinema mudo.
Bajado, radicou-se em Olinda em 1934, de onde não mais saiu. No início, sobrevivia pintando cartazes para cinema e trabalhando como operador da máquina do Cinema Olinda, função que exerceu até 1950.
Nélson Ferreira foi diretor artístico da Rádio Clube de Pernambuco, convidado por Oscar Moreira Pinto. Também foi diretor artístico da Fábrica de Discos Rozenblit, selo Mocambo, única gravadora de discos instalada nos anos 1950 fora do eixo Rio/São Paulo. Com sua orquestra de frevos criou fama e projetou-se em todo o Brasil.
Segundo o site Escritório de Arte, em 1956, Bajado iniciou de forma profissional sua carreira de artista plástico, realizando a pintura de painéis e murais em centros comerciais e na decoração do Carnaval de Olinda. Retratou ainda os grandes clubes carnavalescos da cidade; Pitombeira dos Quatro Cantos, Elefante, O Homem da Meia-Noite, Vassourinhas, assim como o frevo rasgado na Ribeira, Largo do Amparo, Varadouro e na Praça do Carmo.
Segundo a Wikipédia, Nélson Ferreira é um dos compositores nordestinos com maior número de músicas gravadas na discografia brasileira. Grande parte delas, no entanto, restringiu-se a Pernambuco e ao Nordeste. Sua primeira composição gravada foi Borboleta não é ave, em parceria com J. Borges, pela gravadora Odeon, em 1924 pelo Grupo do Pimentel, como samba, e pelo cantor Baiano, como marcha. A composição mais famosa, um frevo de bloco, foi Evocação número 1, a primeira das 7 evocações compostas por ele, e que foi sucesso no carnaval de 1957 no Rio de Janeiro, cantada em ritmo de marcha.
Bajado, em 1964, junto com alguns amigos de profissão, inaugurou o Movimento de Arte da Ribeira, em Olinda, onde passou a expor seus trabalhos. Durante sua vida artística, reproduzir ainda inúmeras telas sobre a vida cotidiana, o sofrimento, as emoções e a cultura do povo pernambucano. O artista possuía um temperamento calmo e brincalhão. Fluiu na arte, com a simplicidade de um homem humilde. Era considerado um artista primitivo, inserido no estilo da arte contemporânea. Sua tendência artística era a liberdade de estética, comum na arte moderna. Morreu em 1996, aos 84 anos de idade, em sua residência localizada na Rua do Amparo, nº 186, Olinda-PE.
Nélson Ferreira morreu no Recife, no dia 21 de dezembro de 1976, deixando inacabado mais um disco de frevos que preparava para o carnaval de 1977.
Um detalhe importante: ambos eram torcedores do Santa Cruz. Bajado imortalizou o clube coral em inúmeras telas e Nélson Ferreira compôs um frevo para o Santinha, além de também homenagear com músicas e frevos os outros grandes clubes da capital pernambucana.
Portanto, salve Nélson Ferreira e salve Bajado, dois grandes artistas da cultura pernambucana. 

Recife, dezembro 2016

3 comentários:

Urariano Mota disse...

Mas Nelson Ferreira, artista de todas os torcedores de Pernambuco, fez hinos para o Sport
https://www.ouvirmusica.com.br/nelson-ferreira/1094876/


e para o Náutico
https://www.youtube.com/watch?v=Tx1XHX71K5Y


Mas não compôs o do Santa Cruz. Para nossa desgraça, o mais bonito é o do Náutico.


Abraço

Clóvis Campêlo disse...

Amigo, Nelson compôs uma música para o Santa Cruz pouquíssimo conhecida. Não lembro o nome agora, mas a informação me foi dada por Leonardo Dantas Silva. Para o Santa Cruz, também, deixou outra inacabada que foi concluída pelo Maestro Forró, e se chama Vulcão Tricolor.
Mas o frevo para o Náutico é mesmo um primor.

Urariano Mota disse...

Muito bem, Clóvis. Eu não sabia.


Abraço