Clóvis Campêlo
No quintal da casa em que morávamos, no Pina, havia, entre outras fruteiras, três pés de banana. Dois de banana prata, e um de banana maçã. Os pés de banana prata ficavam na parte posterior do quintal, perto de um terraço que havia na cozinha. O local, sempre úmido, devido a água utilizada que escorria pelo quintal, era adequado para os pés de banana prata. Segundo o meu pai, eles gostavam mais da umidade. O pé de banana maçã ficava numa área mais afastada e arenosa.
Como as frutas eram utilizadas apenas para o consumo doméstico, podíamos esperar que os passarinhos, geralmente sanhaçus e guriatãs que frequentavam o nosso quintal, dessem a primeira bicada em uma das bananas do cacho. Era o sinal de que já estavam adequadas para serem utilizadas. As bananas pratas, grandes e doces. As bananas maçãs, menores e com um sabor mais diferenciado. Elas faziam a nossa festa.
Hoje, que as casas com quintais praticamente desapareceram do Recife, fazemos a colheita das bananas nos supermercados. E, embora ainda possam ser encontradas as bananas pratas e as bananas maçãs, proliferam nas prateleiras as bananas pacovan. Não me lembro de ter referências desse tipo de banana até alguns anos atrás. Como sempre faço em caso de dúvidas, vou ao google em busca de explicações e descubro, no site da Ceplac o seguinte esclarecimento: “banana pacovan - resultante de uma mutação da banana prata, é atualmente a bananais plantada no Norte e Nordeste do país. Possui porte alto (6 a 7 m). Os cachos são cônicos, com peso de 16 Kg e 7,5 pencas, em média. Os frutos são grandes, com quinas salientes (mesmo quando maduros) e casca grossa. Pesam 122 gramas em média, e apresentam sabor menos intenso que a prata. É susceptível àsigatoka amarela e negra e ao moko, moderadamente susceptível ao mal-do-panamá, medianamente resistente aos nematóides e brocas. É sujeita ao tombamento pela ação dos ventos”.
Muito prazer, banana pacovan. Acabo de conhecer a tua história. O teu sabor, já conhecia e o sabia menos agradável do que o gosto da banana prata normal. Eu e os morcegos que invadiam a nossa cozinha, à noite, no bairro do Cordeiro, em dia de bananas prata na fruteira. Comiam as bananas e sujavam tudo com as suas fezes frenéticas. De vez em quando, colocavam Cida, minha cara metade, para correr. As bananas pacovan, porém, nunca os interessou. Amadureciam intactas. Isso sempre me chamou a atenção.
Como diria Braguinha na sua marcha carnavalesca famosa dos anos 30 do século passado, em parceria com Alberto Ribeiro, “Yes, nós temos bananas!”. A música, gravada originalmente por Almirante, em 1937, catapultou a carreira de Carmem Miranda nos States e foi regravada por um monte de gente, inclusive Caetano Veloso.
Mas é com os versos bucólicos do compositor pernambucano Aristides Guimarães, meu amigo, que nos anos 70 agitou o panorama musical recifense, que encerro estas mal traçadas linhas. Não lembro o nome da música, mas os versos eram assim:
“A lua tem quintal e bananeira,
A lua tem estrelas.
A lua tem quintal e bananeira
e quem mais queira”.
Recife, fevereiro 2016
Como as frutas eram utilizadas apenas para o consumo doméstico, podíamos esperar que os passarinhos, geralmente sanhaçus e guriatãs que frequentavam o nosso quintal, dessem a primeira bicada em uma das bananas do cacho. Era o sinal de que já estavam adequadas para serem utilizadas. As bananas pratas, grandes e doces. As bananas maçãs, menores e com um sabor mais diferenciado. Elas faziam a nossa festa.
Hoje, que as casas com quintais praticamente desapareceram do Recife, fazemos a colheita das bananas nos supermercados. E, embora ainda possam ser encontradas as bananas pratas e as bananas maçãs, proliferam nas prateleiras as bananas pacovan. Não me lembro de ter referências desse tipo de banana até alguns anos atrás. Como sempre faço em caso de dúvidas, vou ao google em busca de explicações e descubro, no site da Ceplac o seguinte esclarecimento: “banana pacovan - resultante de uma mutação da banana prata, é atualmente a bananais plantada no Norte e Nordeste do país. Possui porte alto (6 a 7 m). Os cachos são cônicos, com peso de 16 Kg e 7,5 pencas, em média. Os frutos são grandes, com quinas salientes (mesmo quando maduros) e casca grossa. Pesam 122 gramas em média, e apresentam sabor menos intenso que a prata. É susceptível àsigatoka amarela e negra e ao moko, moderadamente susceptível ao mal-do-panamá, medianamente resistente aos nematóides e brocas. É sujeita ao tombamento pela ação dos ventos”.
Muito prazer, banana pacovan. Acabo de conhecer a tua história. O teu sabor, já conhecia e o sabia menos agradável do que o gosto da banana prata normal. Eu e os morcegos que invadiam a nossa cozinha, à noite, no bairro do Cordeiro, em dia de bananas prata na fruteira. Comiam as bananas e sujavam tudo com as suas fezes frenéticas. De vez em quando, colocavam Cida, minha cara metade, para correr. As bananas pacovan, porém, nunca os interessou. Amadureciam intactas. Isso sempre me chamou a atenção.
Como diria Braguinha na sua marcha carnavalesca famosa dos anos 30 do século passado, em parceria com Alberto Ribeiro, “Yes, nós temos bananas!”. A música, gravada originalmente por Almirante, em 1937, catapultou a carreira de Carmem Miranda nos States e foi regravada por um monte de gente, inclusive Caetano Veloso.
Mas é com os versos bucólicos do compositor pernambucano Aristides Guimarães, meu amigo, que nos anos 70 agitou o panorama musical recifense, que encerro estas mal traçadas linhas. Não lembro o nome da música, mas os versos eram assim:
“A lua tem quintal e bananeira,
A lua tem estrelas.
A lua tem quintal e bananeira
e quem mais queira”.
Recife, fevereiro 2016
2 comentários:
Crônica lindíssima e emocionante, Clóvis Campêlo! Essas bananas me lembraram minha saudosa mãe, Dona Lia Pimentel, que cultivava bananeiras no quintal da nossa casa em Nova-Cruz...Adorei!
Hehe, no nosso quintal, além da banana branca, da petiça e da maçã, tínhamos a banana São Tomé e mais uma outra, um pouco rosada por dentro (já não lembro o nome) que a gente cozinhava com casca e depois comia amassada, com farinha de mandioca! Tempos de fartura!
Viajei na tua crônica!
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