UM GALEGO DA PARAÍBA
Clóvis Campêlo
Com certeza, a Paraíba não é apenas feitas de zés, como diz Jackson do Pandeiro na sua música “Como tem Zé na Paraíba”. Ele mesmo que se chamava José Gomes Filho, natural da cidade de Alagoa Grande, de baixo ou de riba, também era um Zé nascido na Paraíba.
Mas, por lá também proliferam os severinos nordestinados. E foi em Itabaiana, no dia 26 de maio de 1930, que veio à luz um severino cujo destino era torna-se famoso no mundo inteiro empunhando uma sanfona, entre outros instrumentos.
Distante aproximadamente 70 quilômetros da capital do Estado, João Pessoa, e com sua população estipulada hoje em pouco mais de 24 mil habitantes, a cidade foi o berço natal de Severino Dias de Oliveira, mais conhecido como Sivuca.
Predestinado, aos nove anos de idade, em 1939, no dia de Santo Antônio, ganhou uma sanfona de presente do pai, aventurando-se a tocá-la em feiras, festas e batizados.
Aos quinze anos de idade, chegou ao Recife, contratado para tocar na Rádio Clube de Pernambuco, depois de se apresentar em um programa de calouros comandado pelo jornalista Antônio Maria e despertar a atenção do maestro Nélson Ferreira. No Recife, também integrou posteriormente o cast da Rádio Jornal do Commercio.
Em 1955, mudou-se para o Rio de Janeiro. De lá para outros lugares do mundo, foi um pulo. Morou em Lisboa, Paris e Nova York, onde durante anos trabalhou com Miriam Makeba, sendo responsável, inclusive, pelo arranjo da música “Pata Pata”, seu maior sucesso. Na terra de Tio Sam, após ter se desligado de Makeba, em 1969, dirigiu musicais e trabalhou ao lado de gente famosa como Betty Midler e Paul Simon, além de Hermeto Pascoal e Airto Moreira.
Em maio de 2003, Sivuca retorna para a sua Paraíba natal, fixando residência em João Pessoa. No ano seguinte, descobre que o câncer nas glândulas salivares, contra o qual lutava desde 1968, espalhara-se, atingindo o pulmão.
Mesmo com o estado de saúde se agravando, Sivuca continua trabalhando e compondo. Em 14 de dezembro de 2006, vem a falecer em consequência de uma insuficiência respiratória provocada pelo edema pulmonar.
O seu enterro, em João Pessoa, foi acompanhado por uma pequena multidão.
Recife, 2013
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