Fotografias de Clóvis Campêlo, julho 2015
O FORTE DAS CINCO PONTAS
Clóvis Campêlo
Segundo matéria do coronel Paulo Roberto Rodrigues Teixeira, publicada na revista Da Cultura nº 20, e disponível no site da Funceb, o Forte de São Tiago das Cinco Pontas foi construído pelos holandeses em 1630 e está localizado no bairro do São José, no Recife.
Ainda segundo o mesmo autor, tratava-se de um forte de forma pentagonal com seus cinco baluartes, daí haver recebido esse nome. Dispunha de um fosso largo e uma forte contraescarpa. Diante dele haviam hornaveques (obra de fortificação avançada, composta de dois meios baluartes, ligados por uma cortina). Possuía ainda oito canhões de bronze.
Depois, passou a ser chamado de Forte de São Tiago, mas também era conhecido como forte das cacimbas, pois protegia as cacimbas de água doce que existiam na área e que serviam para abastecê-lo e abastecer a cidade naquela época.
Em 1684, já sob o domínio dos portugueses, foi reconstruído em alvenaria e pedra, sob o comando do engenheiro militar português Francisco Correia Pinto, quando perdeu um dos baluartes, passando a ter a forma quadrangular que apresenta até hoje.
Ainda segundo o texto acima citado, ao lado do forte há um paredão histórico onde, em 13 de janeiro de 1825, foi arcabuzado o religioso carmelita Frei Joaquim do Amor Divino Caneca. Junto ao paredão, ficava a forca onde deveria morrer o célebre mártir pernambucano.
Segundo a pesquisadora Semira Adler Vainsencher, em texto publicado no site da Fundação Joaquim Nabuco, construída pelos holandeses em taipa sobre um solo alto, e dominando por completo o porto do Recife, a fortaleza possuía como padroeira Nossa Senhora da Assunção. Confirma ainda a proximidade do forte com as cacimbas de água potável de Ambrósio Machado, um abastado senhor de engenho da ilha de Antônio Vaz, em decorrência do que também era chamado de Forte das Cacimbas de Ambrósio Machado e de Forte das Cacimbas das Cinco Pontas.
Ainda segundo a historiadora, quando, sob o comando de João Fernandes Vieira, foi retomado pelos portugueses, o Forte das Cinco Pontas, em seu inventário oficial, contava com 17 canhões de calibre 2 a 24, dois alfanges de cortar cabeças e vários outros apetrechos bélicos.
Ainda segundo Semira, o forte possuía subterrâneos que serviam de prisão, os quais foram demolidos em 1822 por ordem de Gervásio Pires Ferreira, então dirigente da Junta do Governo Provisório de Pernambuco. Em 1935, aliás, o escritor alagoano Graciliano Ramos foi prisioneiro no Forte, episódio por ele citado no livro Memórias do Cárcere.
Em 1982, Gustavo Krause, então prefeito do Recife, instalou no forte o Museu da Cidade do Recife, que possuí um vasto e importante acervo iconográfico, recolhido em Pernambuco e em Portugal, além de pinturas de Franz Post, as portas entalhadas em madeira de lei da Igreja dos Martírios (demolida nos anos 60 pelo prefeito Augusto Lucena para a construção da avenida Dantas Barreto) e, entre vários outros objetos e documentos históricos, uma chave simbólica, em ouro e prata, entregue a Dom Pedro II, por ocasião da sua visita ao Recife em 1859.
Recife, setembro 2015
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