Fotografia de Clóvis Campêlo / 2008
É DE FAZER CHORAR!
Clóvis Campêlo
No carnaval do Recife nunca tem gato na tuba. O som rola livre e solto e nas escala de dó, fá e sol os músicos executam com maestria os compassos seguros da marcação do frevo.
Porém, se na tuba nunca teve gato, já teve gajo executando a inspiração gaiata de parodiar o lema positivista do nosso símbolo pátrio. Deu bandeira. “Desordem e retrocesso” foi a palavra de ordem.
Para usar uma palavra do agrado do poeta caruaruense Demóstenes Felix, eu diria que o Carnaval é DESCONSTRUÇÃO.
Carnaval é permissividade, e assim sendo faz com que as pessoas dispam-se dos estereótipos e passem a viver, de forma lúdica, outros personagens.
No Carnaval, podemos até mesmo assumir o papel de antípoda de nós mesmos, sermos o OUTRO. E sendo o outro, encurtarmos as distâncias conceituais, fazer cair por terra as máscaras do faz-de-conta, as convenções e as normas que regem a sociedade.
Assim sendo valem as sátiras sociais, as críticas políticas, a mudança dos costumes, a transmutação do indivíduo. Vale a catarse.
Por isso, é de fazer chorar quando o dia amanhece e obriga o frevo a acabar.
Por isso, a quarta-feira de cinzas é sempre tão ingrata: retornamos à realidade, repomos as indumentárias neurotizantes do dia-a-dia, reassumimos os papéis que nos são impostos pela vida e aos quais nem sempre escolhemos.
Enfim, deixando de ser o outro, voltamos a ser nós mesmos e nós perdemos novamente. Deixamos de ser curvas e voltamos e ser retas.
Assim, reconstituímos a “ordem” e o “progresso” até que venha o próximo carnaval.
Porém, se na tuba nunca teve gato, já teve gajo executando a inspiração gaiata de parodiar o lema positivista do nosso símbolo pátrio. Deu bandeira. “Desordem e retrocesso” foi a palavra de ordem.
Para usar uma palavra do agrado do poeta caruaruense Demóstenes Felix, eu diria que o Carnaval é DESCONSTRUÇÃO.
Carnaval é permissividade, e assim sendo faz com que as pessoas dispam-se dos estereótipos e passem a viver, de forma lúdica, outros personagens.
No Carnaval, podemos até mesmo assumir o papel de antípoda de nós mesmos, sermos o OUTRO. E sendo o outro, encurtarmos as distâncias conceituais, fazer cair por terra as máscaras do faz-de-conta, as convenções e as normas que regem a sociedade.
Assim sendo valem as sátiras sociais, as críticas políticas, a mudança dos costumes, a transmutação do indivíduo. Vale a catarse.
Por isso, é de fazer chorar quando o dia amanhece e obriga o frevo a acabar.
Por isso, a quarta-feira de cinzas é sempre tão ingrata: retornamos à realidade, repomos as indumentárias neurotizantes do dia-a-dia, reassumimos os papéis que nos são impostos pela vida e aos quais nem sempre escolhemos.
Enfim, deixando de ser o outro, voltamos a ser nós mesmos e nós perdemos novamente. Deixamos de ser curvas e voltamos e ser retas.
Assim, reconstituímos a “ordem” e o “progresso” até que venha o próximo carnaval.
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