sexta-feira, 25 de maio de 2012

Polifonia


POLIFONIA
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Clóvis Campêlo
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São muitas as vozes.
Ouço-as sempre, sem cessar.
Diante delas não ouso mexer-me.
Fico estático, pálido, lívido,
proparoxítono.
Falsos profetas prometem
os céus e seus manjares.
Em qualquer esquina do mundo,
posso escutá-los.
Suas vozes nunca calam.
São como os murmúrios
incessantes do mar.
Pergunto a mim mesmo
e não encontro respostas:
para onde devo ir?
Qual dessas vozes
devo seguir?
Onde está a verdade?
Oh mundo, vastíssimo e
incomensurável, por que
em nenhum dos teus lugares
encontro sossego e guarida?
Por que devo escutá-los,
os falsos profetas e
suas vozes de trombeta?
Onde está a paz celestial
prometida?
Quantas moedas
ainda serão necessárias
para calar definitivamente
as suas vozes cretinas?
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Recife, 2010

3 comentários:

Pedro Du Bois disse...

Caro Clóvis: nem fazendo-nos surdos conseguimos escapar à polifonia da superficialidade. Faz parte, infelizmente. Abraços, Pedro.

Nelly Carvalho disse...

Clóvis
Muito lindo e bem ilustrado

Francisco Andrade disse...

Adorei e postei no facebook
Obrigado pelo envio desta polifonia. Ótimo presente para mim e, com certeza, para meus amigos internautas.