quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Mulher de plástico, homem de vidro


MULHER DE PLÁSTICO, HOMEM DE VIDRO!

Clóvis Campêlo

Amor é latifúndio, sexo é invasão.
Nem sempre a auto-crítica nos redime.
Nos textos e na vida.
Existem os erros de cálculo e os aparatos aparentes.
Não sou o que você queria que eu fosse.
Sou frágil, de vidro, refratário.
Nem mesmo sou o que eu queria que você pensasse que eu sou.
Sou o outro, o escondido, o antípoda de mim, o que nunca veio à tona.
Seu coração é de elástico, mulher fabricada em série, mulher de plástico.
Somos uma mistura heterogênea, impossível, inviável, concepção inconcebível.
Só mesmo a loucura da minha mente de vidro, transparente em suas piores intenções, poderia te ter criado.
Somos uma louca invenção, um amor impossível e ridículo como todos os grandes amores.
Você nunca existiu.
Eu sou um mito.

Recife, 2011

8 comentários:

Walter da Silva disse...

CLÓVIS, excelente poema. Incluindo o quase fechamento dos quatro últimos verso.
abraço,

pernambuco disse...

Do caramba. Muito boa!!!!!!!!!!

Clóvis Campêlo disse...

Grato, amigos.

Samuel da Costa disse...

amor sintético em um mundo globalizado

Wagner Ortiz disse...

Mais uma poesia linda! É isso mesmo, vamos afogar essa Mídia Ignorante em nossos escritos que hão de florescer um dia, pudera, já que nos jogam tanta merda, estamos sendo adubados, rsrsrs, isso vai passar, mas nós estaremos aqui, firmes como nossas ideias e conceitos na arte!

Fred Monteiro disse...

Maravilha de texto, Clóvis. “Nem mesmo sou o que eu queria que você pensasse que eu sou. Sou o outro, o escondido, o antípoda de mim, o que nunca veio à tona.” Um achado, mesmo !!

Dalinha Catunda disse...

Clôvis,
Eu li seu texto pela manhã e voltei a ler agora a noite. Gostei muito, mas muito mesmo.
Me faz lembrar a cegueira das grandes paixões, onde uma pessoa comum diante de nosso olhar apaixonado se transforma num Deus e o deslumbramento momentâneo nos tira dos eixos..
Parabéns, gostei mesmo

Glória Braga Horta disse...

Clóvis, esse seu poema mexe com a cabeça da gente, tanto pela beleza e inteligência da sua composição quanto pela magia que o texto nos transmite. Bravíssimo, poeta!